Eletronic Music Works – Os Sintetizadores considerados “Made In Brasil´´

Em Entrevista Paulo Santos, Propietério da EMW, fala sobre os sintetizadores  denominados : “made in Brasil´´ da fabricante que recriam sonoridades Clássicas. Confira essa matéria da Musictec diretamente do Laboratório da Emw, até onde sei a única fabrica de sintetizadores do Brasil. O Propietário Paulo Santos, nos contou um pouco desta História, que mistura duas paixões de sua adolescência.

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Paulo, como essa fascinação por sintetizadores começou?

Embora nao fosse músico, meu pai sempre foi um apaixonado por música. ele trabalhava na rede Tupi de televisão e, na época, a Tupi tinha uma gravadora chamada Jet Music. Então meu pai ganhava alguns discos importados, de variados estilos. Esta vivência musical, somada ao meu interesse por eletrônica (também herdado de meu pai), deu início a esta grande paixão. Na adolescência, comecei a montar alguns phasers, processadores de efeitos, pois eu curtia aqueles kits das revistas de eletrônica. Então, até hoje, eu fuço, monto e aprendo. Este desenvolvimento foi muito natural. Ah, também fui programador e loucutor de rádio, então a música sempre esteve presente.

E a música eletrônica ?

A música eletrônica eu redescobri quando entrei na faculdade, em 1991. Eu fui a uma feira e lá tinha um cara tocando algumas música do Kraftwerk, que eu já conhecia, mais acho que na época desde meu primeiro contato eu nao entendia direito essa sonoridade. Isso Fez com que eu me reaproximasse da música e, principalmente, da música eletrônica. Foi ai que tudo começou realmente.

E quais eram os artistas eletrônicos que você gostava de ouvir ?

Eu nao poderia deixar de citar o Kraftwerk, mais eu adoro as bandas de synth pop: Human league, Depeche mode, pois eu sou mais pop. mas também poderia citar: Raymond Scott, Trabalho que inclusive, me lembra muito a sonoridade de Kraftwerk. 

E seus experimentos com sintetizadores, quando se iniciaram? EMW-200_web_02

A minha primeira pesquisa e meu interesse por um sistema modular começou em 1997. Durante esse trajeto, tentei recriar um ML200, mas aí eu mudei os módulos, pois queria inovar, oque nao deu muito certo [risos]. Então, minha iniciativas é cheia de tentativas, tropeços e erros. Testei muitos filtros, un 20 ou 30, até acertar. Então, desde 1997 eu venho aprimorando meus circuitos para música eletrônica.

E o seu primeiro Projeto da linha EMW?

Fiz o projeto do WCS1 há cinco anos, mais só tive coragem de lançar a uns dois, Pois sempre fui muito crítico. Eu queria me sentir Pronto pra lançar alguma coisa no mercado. 

Em que Momento você achou que a brincadeira poderia ficar séria ?

Eu até hoje não achei [risos], Embora eu encare cada um dos projetos de uma forma muito criteriosa. Recebo pedidos do mundo todo, emboranao tenha aceitado fechar contrato com grandes distribuidores, pois nós ainda não poderíamos fornecer equipamentos em grande quantidade. Todos os grandes destribuidores já demonstravam interesse. mas este não é meu objetivo no momento, pois se você analisar os custos de uma operação como esta, principalmente em um país com uma carga tributária como o nosso, ninguém entra nessa [mais risos]. Entao no momento, esta é a minha grande paixão, a qual eu trato com muito profissionalismo, mas sempre evitando um posicionamento que possa transformar pressão em paixão. 

imagem2Lado Direito : Paulo Santos, Propietário da EMW: da coleção de synths à fabricação de equipamentos que eternizam o som retrô eletrônico. 

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Acima: Lateral de um dos módulos: Cuidado na personalização e estética dos equipamentos é notado em cada detalhe.         

Em termos de sonoridade, quais são as suas preferências ?                        

EMW_EML_02Em 1986, comecei a minha coleção de sintetizadores. O primeiro foi um Jx3p, da roland. Era o auge da Banda Rpm e havia todos aqueles sons que o Shiavon fazia. então vendi o 3p pra comprar um sampler da Roland, o S10, pois naquela época, eu tinha que vender um pra comprar o outro [risos]. O s10 era um sampler de 2.4 segundos, sendo que naquele momento os samplers representavam o futuro. posso dizer que tive a grande maioria dos equipamentos desse mercado de synths, ou eles, ao menos, passaram pelas minhas mãos. Isso criou em mim uma experiência prática muito grande nessa área. 

E dá pra comparar o Prophet 08 (Dave Smith) de hoje com o Prophet 5?                    

Puxa não tem comparação. Eu meço os synths pela capacidade que eles tem de te supreender,  o Prophet 08 nao me suprendeu muito, pois ele tem uma característica sonora que não muda, algo que, pra mim, também é comum nos softwares de síntese. O único Dave Smith que me supreendeu foi o Mopho.

Qual o espaço que os synths digitais tem na sua vida ?                

O Dx7, da Yamaha, foi um equipamento que eu depreciei por muito tempo, pois eu nao tinha tido tempo pra mexer direito nele. Então, um dia eu criei um gerador inteligente de Patches pro Korg DW8000 era um Demônio (no bom sentido) trancado em uma jaula, sendo que essa jaula era a sua interface de programação. Na verdade, oque eu queria era liberar esta fera de dentro do equipamento, e eu acho que consegui. Aí desenvolvi este sistema para vários outros synths: Alpha Juno 2 e Mks 50, da Roland, e para o Yamaha TX81Z. Mas quando eu fui desenvolver algo para o DX7imagem4, percebi que esta seria uma tarefa praticamente impossivél, pois a quantidade de parâmetros era muito grande. Então eu decidi criar um banco de timbres, pois de certa forma, eu também estaria liberando esta fera, sendo que a maioria das pessoas conhecia 32, no máximo 64 timbres do equipamento! então, disponibilizei 770 timbres selecionados e divididos em categorias, e foi o maior sucesso! As pessoas me diziam que voltaram a usar o equipamento.  Ainda entre os digitais, Também  gosto muito da estrutura do Roland V-Synth, que embora não seja uma máquina perfeita, me dá muitas possibilidades, e é um equipamento muito gostoso de mexer. A interface dele é primorosa, é algo sem igual, uma obra de arte. O legal é que esta interface libera todo o poder da síntese do equipamento de uma fórmula simplificada. é como toda a interface deveria ser. Eu também poderia citar os Vas (Virtual Analog) da Creamware, os quais eu tenho todos, sendo a emulação do Minimoog a melhor delas. Gosto bem mais do Creamware do que da linha Vírus Acess, por exemplo. Creio que as emulações de monosynthsja estejam relativamente próximas, mais as do Polysynths ainda não. Não que eu ache que isso não vá acontecer, mais ainda não chegaram perto.

Como o nome EMW foi Criado?

Pela adimiração que tenho pela EML (Eletronic Music Laboraties). Para mim, eles foram os caras que ousaram criar um equipamento diferente. eles misturam o lado didático com a visão da música concreta e criaram algo que pudesse servir para os dois mundos. Eles desenvolveram máquinas que são únicas, que poderíamos classificar de equipamentos de performance eletrônica, instrumentos musicais.

Qual foi o primeiro equipamento da Empresa?

EMW-WCS1-Synthesizer-01O nosso primeiro Produto comercial foram os Patch banks pro DX7, ms o primeiro sintetizador foi o WCS-1 que possui um filtro Synthacon hoje, desenvolvemos somente módulos no padrão Eurorack, sendo que nossa meta é chegar a 60 módulos diferentes. O futuro da EMW está nos módulos com este padrão, pois para linh de montagem é muito mais fácil ter um tipo de produto só.

E qual a intencão da EMW?

A empresa tem como proposta recriar tecnologias antigas. também estou preocupado em inovar, mas sempre com o foco nas tecnologias que poderiam ter sido criadas no passado. para mim, é como uma reinvenção da tecnologia antiga. Eu gosto de dar as pessoas a oportunidade de ouvir os sons de uma época que não existe mais. O bacana dessa área é que a tecnologia pode evoluir muito rápido, mas o seu ouvido não. Ou seja, o que era bom na decada de 1960 e 1970 continua sendo bom hoje. Essa é a magia do áudio. para mim, a EMW é um túnel do tempo que tenta, no melhor de sua capacidade, trazer um pouco dessa sonoridade.

A era dos analógicos e modulares é agora, pois hoje encontramos mais fabricantes de modulares do que na época que eles foram inventados.

(Mais sobre a EMW em: http://www.electronicmusicworks.com)

Matéria feita por Dj Christ – é o fundador da yellow, escola de novas tecnologias aplicadas a música e vídeo. Músico e dj há quase 30anos, iniciou seus estudos com o piano clássico, tendo atuado no Brasil e Europa. Mais informações em http://www.yellow.art.br 

                                                                                                                                                  

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